quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Falando de Oscar 2012


No próximo domingo, dia 26 de fevereiro, logo após o “Big Brother Brasil”, a 84ª edição do Oscar será transmitida pela TV Globo e pelo canal pago TNT. Uma pena que a Globo ainda monopolize, pois boa parte dos comentários são ruins e também cortam vários acontecimentos e falas. Mas, fazer o quê? Não tem tu, vai tu mesmo!

A lista completa dos indicados, você pode conferir no site G1.

Assisti a todos os indicados a "Melhor Filme" e - mesmo "Harry Potter" (finalmente) praticamente fora e vários filmes de época - acho que "A invenção de Hugo Cabret" vai levar muitas estatuetas pra casa. A seguir vou comentar um pouco de cada:

"O homem que mudou o jogo"
Para entender esse filme precisa conhecer bastante o Beisebol (jogadas, posições, etc) e gostar muito. É baseado em fatos reais e Brad Pitt fez ótima interpretação, uma das melhores de toda sua carreira - carismático, seguro, mais expressivo. A história demora um pouco para desenrolar e tem um final óbvio.

Acho que não leva o prêmio de "Melhor Filme" e talvez Brad também não como "Melhor Ator" (Jean Dujardin - O artista é forte candidato). Mas Jonah Hill mandou bem e quem sabe não leva de "Ator coadjuvante"?. Esse filme também concorre na categoria "Roteiro Adaptado", mas pelo jeito "A invenção de Hugo Cabret" ainda lidera.







"Cavalo de guerra"
Fotografia muito bonita, lembrando filmes antigos. Apesar de longo e um pouco de exagero sentimental de Spielberg, fora alguns fatos históricos não apresentados e não aprofundados (durante a Primeira Guerra Mundial), é um filme que consegue prender o telespectador do início ao fim e faz com que torça para tudo dar certo, mesmo sabendo que isso seria óbvio .

Acho que não leva o prêmio de “Melhor Filme”. Mas concorre também nas categorias “Trilha Sonora Original” (“O artista” é forte candidato), “Direção de arte” (talvez “A invenção de Hugo Cabret” vença), “Edição de som” e “Mixagem de som”.








"A árvore da vida"
Pra que não gosta de pensar enquanto assiste a um filme e prefere tudo mastigadinho (linear), é bom nem chegar perto desse. Agrada muito quem é da comunicação/áudio/visual principalmente. Algumas imagens lembram documentários sem diálogos exibidas nas aulas de vídeo na faculdade de jornalismo. Também o psicodélico filme “The Wall” (Pink Floyd). Poucos têm paciência. Tanto que nos Estados Unidos, desde a estreia, placas avisavam que não devolveriam o dinheiro caso alguém não gostasse ou desistisse do filme.

Segue de forma não linear, místico, fazendo nos enxergarmos em muitos momentos sobre razão de ser, Deus, natureza, relacionamento humano (amor, pais,filhos, hipocrisia). A fotografia é muito bela. Filme tocante, denso. Pena que poucos o compreenderam.

Além de “Melhor Filme”, também concorre nas categorias “Fotografia” e “Direção”. Páreo duro com “A invenção de Hugo Cabret”.

"Meia-noite em Paris"
Nos transporta aos anos vinte, época de ouro da arte parisiense. Romantismo, fantasia, história, arte, tudo isso na dose certa para um público culto que conheça pelo menos um pouco de cada assunto para poder entender o que acontece na trama ou quem é quem, já que mostra algumas personalidades que fizeram história: Picasso, Dali, Buñuel, Hemigway, Cole Porter, Scott Fitzgerald e a esposa Zelda. Sonhador, encantador. (leia resenha completa aqui).

“Melhor filme” acho que não leva, mas tem chance ainda em outras categorias: “Melhor roteiro original” (aposto bastante nesse), “Direção de arte”, “Diretor” (Woody Allen).






"O artista"

Faz uma rápida homenagem ao cinema (criação, mudo, transição para o áudio). Digo rápida, pois sem dúvidas “A invenção de Hugo Cabret” conseguiu se aprofundar mais sobre o começo da história do cinema.

“O artista” é uma história de amor, que mostra a decadência da carreira de um artista (assuntos que se arrastam até os dias de hoje). Atuação do elenco é boa, divertidos e cativantes. Muito parecido sim com "Cantando na Chuva", mas vale a pena ser assistido.

Talvez não leve pra casa o prêmio de “Melhor filme”, mas Jean Dujardin “Melhor Ator” pode ser. Bérénice Bejo como "Atriz coadjuvante" pode perder para a maravilhosa Octavia Spencer de "Histórias Cruzadas". Concorre também a “Melhor roteiro original”, “Trilha sonora original” (fico entre ele e “A invenção de Hugo Cabret”) e foi fundamental para explicar cada sensação dos personagens. Ah, também “Direção de arte”, “Fotografia”, “Diretor”, “Edição” e “Figurino” (pode até ser, mas de “A invenção de Hugo Cabret também foi bem legal).

"Os descendentes"
Elenco mandou muito bem, é um BOM filme (nada excepcional) com nada exagerado - tudo bem dosado (emoção, drama, humor).

Muitas vezes é possível nos sentirmos naquelas situações: atrito entre pais e filhos, adultério, dúvidas sobre o que fazer da vida, como lidar com certas coisas. E como diz a chamada "toda família guarda um segredo". Por isso consegue nos transportar para a história boa parte do tempo.

Como “Melhor Filme” não leva, mas também concorre “Melhor Ator” (George Clooney), “Diretor” (Alexander Payne), “Edição”, “Roteiro Adaptado” (continuo achando que “A invenção de Hugo Cabret vai levar muita estatueta pra casa, inclusive nessa categoria).






"A invenção de Hugo Cabret"
Linda homenagem aos criadores da sétima arte, Irmãos Lumiére. E muito bacana mostrar como foi o primeiro filme exibido (só que alguns dizem que as pessoas na verdade correram quando viram o trem na tela pela primeira vez e outros que se assustaram e abaixaram - como mostra o filme). Georges Mélies merecidamente homenageado - ele foi o primeiro artista do cinema, usava superposição de imagens (tem um trecho do filme que mostra o personagem editando a película, sobrepondo) e fez o filme “A viagem à lua”, entre muitos outros.

"A invenção de Hugo Cabret" é clássico, sonhador (como a sétima arte é: fábrica de sonhos), lindo, cheio de cuidados técnicos (que deverá faturar Oscar por causa deles principalmente). Só não curti muito a atuação de Sacha Baron (que já fez "Borat...').

Pois é, nada de sonhar com Harry Potter! Nesse ano o negócio é sonhar com Hugo Cabret. Ele é hors concour! Concorre a onze categorias e com certeza vai faturar boa parte delas. “Melhor filme”, “Trilha sonora original”, “Direção de arte” (vai minha aposta), “Fotografia” (muito bonito, talvez hein... Spielberg mandou melhor nesse do que “Cavalo de Guerra”, inclusive nos efeitos), “Figurino”, “Diretor” (acho que Martin Scorsese leva), “Edição”, “Edição de som”, “Mixagem de som”, “Efeitos visuais” (esse complicou, pois tem na concorrência "Harry Potter", "Gigantes de aço", "Planetas dos macacos" e "Transformers"). Também foi indicado ao “Roteiro adaptado”.

DICA: existe um livrinho ótimo que fala sobre o começo da história do cinema, se chama "O cinema manipula a realidade?" (Sidney Ferreira Leite) e fala bastante coisa que esse filme mostra, vale a pena.

"Histórias cruzadas"
Bonita fotografia, boas atuações, faz rir algumas vezes e também causa indignação de ver maldades disfarçadas de preconceitos recheadas de humilhações. Dizem que o livro foi proibido nos anos 1960 nos EUA. É uma delícia assistir, tudo flui naturalmente e emociona bastante também.

Deram super close quando a escritora usa 'branquinho' (corretivo liquido) para deletar um título escrito na máquina de escrever. E isso tem um motivo! É que o corretivo líquido para papel foi criado por uma mulher, chamada Bette Nesmith Graham, em 1951, no Texas. Ela era secretária e vivia tendo problemas para apagar algo nos papéis, então Bette fez a mistura em sua cozinha e depois comercializou em sua casa durante 17 anos, até ficar milionária vendendo para Gillette (chamando já Liquid Paper) por US$ 47,5 milhões com royalties.

Como melhor filme não deve ganhar, mas aposto muito em Octavia Spencer como “Melhor atriz coadjuvante”. Viola Davis mandou muito bem e a Jessica Chastain razoável, mas acho que esse ano é de Meryl Streep (“A dama de ferro”) como “Melhor Atriz”.

"Tão forte e tão perto"
Esse filme é de bom para regular. Tudo por causa do protagonista, Thomas Horn, que é um menino muito chato e arrogante, sem carisma. Nem Tom Hanks e Sandra Bullock, no elenco central, conseguem salvar esse filme - já que tudo gira em torno do garato.

A tragédia não ganha ênfase e tudo segue bem metódico (o famoso 'certinho'). Com certeza não leva o prêmio de “Melhor filme”. Max Von Sydow concorre como "Ator coadjuvante" e talvez nem leve a estatueta pra casa também. E parou por aí, só foi indicado a essas duas categorias.

“Melhor filme”, não mesmo! Max Von Sydow concorre como "Ator coadjuvante", mas tem competente Jonah Hill (“O homem que mudou o jogo”) batalhando por isso também.





“A dama de ferro”

Mesmo não concorrendo a "Melhor filme", não posso deixar de citar "A dama de ferro". Meryl Streep merece ganhar o prêmio de "Melhor Atriz" e também "Maquiagem". Ela não exagera e consegue convencer muito, chegando a perfeição. Digo isso, pois muitas vezes acontecem caracterizações fakes e também atuações forçadas quando fazem filmes sobre alguém.

Meryl está MARAVILHOSA nesse filme. Realmente parece a Margaret Thatcher na tela o tempo todo (caminhar, jeito de falar, de olhar, etc). Ótima maquiagem para as várias idades. Cenários das épocas muito bons também.

Não dão ênfase ao período mais crítico do comando de Margaret, 79 a 90, mas conseguem mostrar uma mulher teimosa, determinada e - mesmo que alguns não acreditassem - humana.

Outra coisa, que mesmo em pleno 2012 ainda existe infelizmente, é a maneira como as mulheres são tratadas por muitos homens (menosprezo, indiferença) - ainda mais quando elas se destacam. Também mostra o autoritarismo, marketing político (mudaram a maneira dela falar, de se vestir - isso acontece até hoje com todos políticos até hoje) , manipulação, traição dos políticos, etc. Em certo momento dizem pra ela "não acredite na lealdade de seus colegas". Na verdade a história em si não dá impacto e sim Meryl que causa.

Pra quem gosta de tudo mastigadinho é bom nem se aproximar desta película, pois não é linear - ou seja - idas e vindas de várias histórias que a personagem vai lembrando e entre elas retorno ao período 'atual', inclusive suas alucinações e esquecimentos (uma doença, tipo Alzenheimer).

BRASIL NO OSCAR

"Real in Rio", música de Sergio Mendes e Carlinhos Brown com letra de Siedah Garrett para o filme “Rio”, foi indicado ao Oscar na categoria "Cançaõ Original" ao lado de "Man or Muppet", de "Os Muppets" (música e letra de Bret McKenzie). Tomara que “Real in Rio” ganhe, pois esse filme "Os Muppets" foi decepcionante (nada a ver com o seriado das antigas).

VAMOS COMENTAR A CERIMÔNIA DO OSCAR JUNTOS!
Nesse ano estou muito feliz, pois consegui assistir a maioria dos filmes indicados e assim posso comentar melhor tudo e concordar ou discordar (risos). No domingo, 26, estarei on line no meu twitter @GiseleSantos_ comentando. Também pode seguir @CineLivros. Aguardo você ;)

cartazes dos filmes: divulgação

2 comentários:

nando neto disse...

belas postagens Gi, sinceramente deu mais um up para ir atrás dos filmes, afinal é melhor ler opiniões de conhecidos do que sinopses largadas na web, vou tentar acompanhar a cerimônia online se der tudo certo. ;D~

Gi @ambulatoriotv disse...

blzzzz , te espero !!!!

MAS VC NÃO TEM TWITTER hahaahah