terça-feira, 15 de março de 2011

Bruna Surfistinha: a pornochanchada brasileira do século XXI


Se o filme “Bruna Surfistinha” fosse lançando na década de 1970 seria considerado pornochanchada da boca do lixo, principalmente pela moça iniciar atividades no centro da cidade de São Paulo – região de prostituição desde quando o mundo é mundo. Matilde Mastrangi e David Cardoso ficariam com inveja da superprodução atual, mas não deixa de ser pornochanchada, só que do século XXI com empurrãozinho da mídia e da internet.

Não é de hoje que a sétima arte apresenta nas telas filmes sobre a profissão mais antiga da humanidade. Tem história fictícia em "Uma linda mulher” e história verídica da britânica Belle de Jour que desde 2003 detalhava sua profissão secreta em um blog e depois também lançou um livro, chamado “As aventuras íntimas de uma garota de programa londrina”. Anos depois lançou mais livros e uma série de TV, batizada como “Secret Diary of a Call Girl”. Antes também conhecemos a alemã Christiane F, drogada e prostituida. Isso tudo indica que Bruna Surfistinha não é nenhuma novidade, pois existiram, existem e existirão muitas Brunas, Belles, Christianes por todo o mundo.

O filme “Bruna Surfistinha” é uma adaptação do livro "O Doce Veneno do Escorpião", de Raquel Pacheco, ex-garota de programa que após sair da boca do lixo resolveu manter um padrão melhorzinho de atendimento aos clientes e ficou conhecida por criar um blog onde relatava e avaliava suas aventuras com eles, mas preservava o anonimato. Os próprios clientes faziam o boca a boca e, com ajuda da internet viral, a imprensa começou a sensacionalizar a história principalmente por causa do lançamento do livro, ou seja, ela teve sorte em ser promovida gratuitamente inclusive por veículos de massa.

O livro é muito mais complexo. O que conferimos no filme é exagero na exposição dos corpos, simplificando as coisas, e deixando de lado os conflitos da personagem e excluindo muitas coisas importantes da vida de Bruna, além de terem se prendido muito na parte técnica, pecando nos enquadramentos ‘a lá’ novelísticos globais.

A história da adolescente de classe média alta, que estudava em ótimos colégios, mas querendo ter dinheiro fácil e liberdade, é parecida em alguns aspectos com “Meu nome não é Johnny”. Só que Johnny não teve tanta sorte igual Bruna.

Deborah Secco no início da película parece bem novinha, com cabelo sempre cobrindo o rosto, a própria patinha feia da sociedade, graças aos efeitos muito bem produzidos. Mas ela não consegue interpretar com a emoção necessária para cada momento, principalmente nas horas dramáticas. Não só Deborah, mas todo o elenco torna tudo muito superficial. E aquele sotaque dela? Muito ruim. Precisava melhorar...

O filme toma o cuidado de exibir que mesmo sendo dinheiro fácil, não é tão fácil assim ganhar, pois são mostradas cenas fortes de sofrimento da prostituta quando tem relações sexuais com todo o tipo de homem - do mais limpo ao mais porco. Estranho é terem omitido as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), aproveitando o espaço para mostrar a realidade de quem não se preserva. Outra parte parecida com Johnny é quando mostra Bruna se afundando no mundo das drogas, indo para o fundo do poço financeiro e voltando para a boca do lixo.

Para quebrar alguns trechos pesados, existem cenas divertidas, como uma briga das prostitutas no salão de beleza, clientes bizarros tanto fisicamente quanto psicologicamente, etc. Drica Moraes (cafetina da boca do lixo) salva alguns diálogos, causa risos às vezes e em outras raiva.

Trilha sonora conta com Radiohead

A EMI Music lançará a trilha do filme, com 14 faixas que passeiam pelo funk, rock, psicodélico, melancólico, pop, balada. O funk "Copo de vinho", de Robinho da Prata, e a música "Sunshine girl", da cantora brasileira Céu, são os destaques de artistas nacionais da trilha.

Mas a banda inglesa Radiohead é o destaque, com "Fake plastic trees" (veja tradução). Essa música só foi liberada quando a própria banda exigiu assistir o filme antes. "Eles estavam muito preocupados com o conteúdo do filme e queriam entendê-lo", disse o diretor Marcus Baldini. Alguns fãs da banda não gostaram nada...

Pior sessão de cinema de todos os tempos

Assistir “Bruna Surfitinha” nos cinemas tem sido a pior sessão de todos os tempos, pois adolescentes, principalmente do sexo masculino, se empolgam ao ver os seios da atriz e vibram com as cenas de sexo, mesmo que sejam sofridas ou até mesmo nojentas. Não ficam calados um minuto, comentam, dão gargalhadas, ficam com tesão.

Eu assisti, um dia após a estreia (26/02), no Cinemark do Shopping Eldorado (SP), onde não possuía um funcionário para colocar ordem na casa e muito menos para barrar três meninos de 13 anos, faixa etária proibida, que fugiram de uma outra sala para assistir ao filme. Além disso, ficaram em pé várias vezes bem na minha frente e trancaram o caminho sentando nas escadas.

Pesquisando alguns fóruns, muitas pessoas estão reclamando de outros cinemas também. Até as crianças tem se comportado melhor no cinema, em filmes apropriados, do que os adolescentes. Para quem não tem paciência pra esse tipo de coisa, o melhor é aguardar o filme nas locadoras para assistir no aconchego do lar.

Nota 7,5

Assista ao trailer:





5 comentários:

Carlos Felipe disse...

Oiii amor.
Realmente, o filme é uma pornochanchada do XXI.

Infelizmente talvez tenham errado na escolha da atriz para fazer a Bruna. Afinal Debora Secco não é la uma boa atriz. Sempre com os mesmos personagens apelativos com apologia a sexualidade etc.

Gostei do filme, mas nao foi la um baita filmao...

Horrendo mesmo foi ficar na sala com um bando de fimoses e espinhas q foram la pra ver os seios da atriz...aff gente...em q mundo estamos???

Sera q eu sou um ET? kkkkkkkk

Gisele Santos @giselesantos_ disse...

nem me fala , foi a pior sessão de cinema que já fui aff

Carlos Felipe disse...

Fomos kkkkkkkkk

Michele Lima disse...

Gi, vc desconstruiu toda a imagem que eu tinha do filme, achei que por toda propaganda, eles iriam focar mais no drama e menos no sexo.....

De qualquer forma, eu não assisto filme logo na estreia por isso, a sessão nunca é boa!

Excelente texto Gi!

bjo

Gisele Santos @giselesantos_ disse...

pra vender fariam em torno dos corpos mesmo

assim deixaram de lado a história mesmo