quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Tropa de Elite 2 ressuscita o cinema nacional

Que a qualidade do cinema nacional melhorou bastante dos anos 1990 pra cá, já sabemos, mas para exterminar qualquer dúvida explodiu em nossas telonas Tropa de Elite 2 - que pode ser considerado o melhor filme tupiniquim de todos os tempos e de encher de orgulho todos os brasileiros que - por outro lado - poderão ficar com nojo dos governantes e boa porte dos policiais do País.

O filme é ótimo não somente pela coragem de denunciar governo, milícias, mídia, mostrando a realidade do Rio de Janeiro que se estende a todo Brasil, mas também pela super produção com cenas de ação tão realistas e dinâmicas jamais antes realizadas por cineastas nacionais. O aguardado Carandiru (2002), baseado no livro de Dráuzio Varella (Estação Carandiru), não teve a mesma coragem, se resumindo em contador dos ‘causos’ de alguns detentos. Tropa de Elite 2, com roteiro de Bráulio Mantovani e José Padilha (também na direção), bate no peito e chama pra briga sem medo, logo no início, com cenas tensas e realistas de uma rebelião em Bangu 1 e o governador do Rio de Janeiro fingindo impedir muitas mortes para não repetir o ocorrido no extinto Carandiru – episódio que ficou marcado na história do País como Massacre do Carandiru, em 1992, quando 111 homens foram mortos (e muita gente desconfia que o número ultrapassou a esse divulgado oficialmente). Isso tudo e muito mais o filme Carandiru nem sequer encaixou em uma cena ou texto.

Wagner Moura, agora como Coronel, mantém a intensidade da linha ríspida do Capitão Nascimento em Tropa 1 e prova ser um dos melhores atores da atualidade sabendo equilibrar a emoção nas demais nuances, sendo pai, trabalhador, um ser solitário, lutando contra o sistema ao qual – com muita decepção e a duras penas - ele percebe que também pertence. No Tropa 2 Wagner continua com as narrações em off, alinhavando a trama e fisgando o espectador para ser seu cúmplice - sem escorregar no erro de muitas películas que tentam explicar o que o espectador assiste (bem irritante por sinal).

Outro destaque no elenco é Sandro Rocha, que num passado não muito distante atuava como palhaço Ronald McDonald em eventos promocionais da conhecida rede de lanchonetes. Sandro, que tinha conseguido uma ponta no primeiro filme e ficou conhecido pela frase “quem quer rir, tem que fazer rir”, ganhou mais espaço e mostrou a que veio no Tropa 2, interpretando o major Rocha, PM corrupto que comanda uma milícia, deixando sua marca com novo jargão “cada cachorro que lamba a sua caceta”. Depois dessa atuação, Sandro terá com certeza muitas portas abertas.

O Tropa 1, lançado em 2007, dividiu opiniões, considerado por muitos um longa retrógado, e não explorou muito bem cada personagem, além da história limitar-se bastante aos treinamentos do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE). Tropa de Elite 2 é muito melhor do que o filme anterior, tanto nos diálogos quanto no desenvolvimento dos personagens, além do dinamismo e nada sutis ‘tapas na orelha’ de toda sociedade - mostrando que ninguém é inocente, pois todos, sem exceção, permitem ou colaboram para que o sistema engula tudo e todos de maneiras variadas, gananciosas, maldosas e na maioria das vezes cruéis.

Nota 10

Assista ao trailer:




2 comentários:

Carlos Felipe disse...

Esse filme é o melhor q ja vi do cinema nacional...o 1 e o 2 sao foda!!!

É faca na caveira...

Gi @ambulatoriotv disse...

eu não gostei muito do 1

o 2 é show